A voz da Razão
Fascismo simpático
Era inevitável: depois da caça ao fumador, o governo promete inaugurar a caça ao bebedor e ao drogado. Como? Através de testes de despistagem no local de trabalho destinados a identificar consumidores de álcool ou drogas.
A ideia, obviamente simpática, é encaminhar o trabalhador vicioso para o tratamento respectivo, evitando-se a sinistralidade ou a desinserção laborais. Os sindicatos, em princípio, não se opõem. As empresas também não. E imagino que os trabalhadores, mergulhados no fascismo simpático em que vivemos, até agradecem esta clamorosa e até ilegal invasão da sua privacidade e dos seus hábitos. Um dia acordaremos num mundo que seria irreconhecível até há poucos anos: um mundo onde o poder político condena e determina as nossas condutas íntimas em nome de um ideal higiénico e perfeito que só existe na cabeça dos tiranos.
João Pereira Coutinho, Colunista
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